A importância do diagnóstico precoce da dermatite atópica

Postado em: 16/10/2023

É muito comum que as doenças de pele sejam ignoradas, e que a maioria das pessoas subestimem sua gravidade e os efeitos reais na vida daqueles que as enfrentam, por serem “apenas uma doença na pele”. Isso ocorre com a dermatite atópica, distúrbio dermatológico que afeta de 15% a 25% das crianças e cerca de 7% dos adultos no país, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Porém, coceiras intensas, capazes de causar lesões graves que se estendem por mais da metade do corpo, impactando o sono e o desempenho no trabalho, são alguns dos sinais desta condição, que erroneamente é considerada uma “alergia” simples.

Continue a leitura para descobrir como a detecção precoce da dermatite atópica pode impactar positivamente os resultados do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. 

dermatite atópica

O que é a dermatite atópica?

A dermatite atópica, conhecida também como eczema atópico, é uma condição inflamatória que provoca lesões na pele, como ressecamento, coceira, descamação e vermelhidão. Ela pode estar associada à asma, à rinite e à alergia alimentar. É uma doença mediada pelo sistema imunológico, e portanto, NÃO é contagiosa.

Os sintomas tendem a surgir na infância e podem perdurar ao longo da vida, embora possam diminuir à medida que a pessoa envelhece.

Quais são os sintomas da dermatite atópica?

Cerca de 60% dos casos de dermatite atópica começam antes do primeiro ano de vida. Entre 2% e 10% dos quadros têm início na idade adulta, com pico de incidência entre 20 e 40 anos. O início após os 60 anos é raro, porém, tem sido relatado com maior frequência recentemente.

Os principais sinais relacionados à dermatite atópica são:

  • Áreas avermelhadas;
  • Pele seca e áspera;
  • Coceira;
  • Vermelhidão;
  • Erupção cutânea;
  • Inflamação da pele;
  • Descamação da pele.

Vale ressaltar que as manifestações variam de acordo com a fase da vida em que a doença se desenvolve. Em bebês e crianças, é comum que apareçam na face, nos cotovelos ou nos joelhos. Em adultos, além das áreas mencionadas, as lesões podem ocorrer nas dobras do corpo, como no pescoço, atrás dos joelhos, nas dobras dos cotovelos, nas mãos, nos pés e, ocasionalmente, nas pálpebras e mamilos, onde a pele tende a ser mais seca, espessa e escura.

Como é realizado o diagnóstico da dermatite atópica?

O diagnóstico da dermatite atópica é estabelecido principalmente pelo dermatologista por meio da avaliação dos sinais e história relatados pelo paciente. Exames laboratoriais geralmente não são usados para diagnosticar a condição, mas podem ser úteis na avaliação do estado de saúde para prescrição do novo tratamento, principalmente quando se trata de tratamentos sistêmicos (comprimidos ou injeções).

É crucial que o diagnóstico da doença seja feito logo após o surgimento dos primeiros sintomas, permitindo o início do tratamento o mais cedo possível. Isso contribui para uma recuperação mais eficaz e redução de complicações de ter a doença por muitos anos, que envolve tanto manchas residuais na pele, como o impacto emocional nas escolhas em pontos importantes da vida do paciente, como relacionamentos e trabalhos.

Um paciente que tem a doença por muitos anos, além de manchas e cicatrizes que podem permanecer na pele, também há dificuldades nos relacionamentos afetivos, influenciando na escolha em não se casar ou não ter filhos, além de dificuldade para conseguir empregos e permanecer neles, por causa das crises, faltas ao trabalho e aparência da sua pele frente às pessoas do trabalho. Para esse impacto observado nos pacientes com doenças crônicas, chamamos de Impacto Cumulativo na Qualidade de Vida (“CLCI – Cumulative Life Course Impairment”). 

Como tratar a dermatite atópica?

O tratamento da dermatite atópica deve ser iniciado após avaliação do médico especialista e inclui a prescrição de medicamentos para corrigir o ressecamento da pele, controlar a inflamação e a coceira, além de prevenir a ocorrência de novas crises. Medicações anti-inflamatórias tópicas e a hidratação da pele são a base da terapêutica. Em casos de complicações, como infecções secundárias, o uso de antibióticos é indicado.

O tratamento deve ser individualizado para cada paciente, considerando o grau de ressecamento da pele, extensão e intensidade da inflamação.

Identificar e evitar fatores desencadeantes ou agravantes da doença é fundamental durante a crise e na fase de manutenção. Manter esses cuidados mesmo quando os sintomas desaparecem é importante para evitar ressecamento da pele e novas crises.

Nos casos mais graves, os pacientes podem necessitar de fototerapia, medicações orais, como corticoides, imunossupressores (ciclosporina), imunobiológicos (dupilumabe) e inibidores da JAK (upadacitinibe, abrocitinibe, baricitinibe). Esses pacientes geralmente requerem atendimento multidisciplinar, pois costumam apresentar associações com asma e rinite.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando a dermatite atópica, não hesite em agendar uma consulta com a Dra. Karina Okita. Sua pele e bem-estar merecem o melhor cuidado. Ela é especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), líder técnica em projetos da área de Inovação em Dermatologia no Hospital Israelita Albert Einstein e atua como colaboradora do Ambulatório de Dermatite Atópica, Psoríase e Hidradenite Supurativa na Policlínica da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). 

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