A psoríase é contagiosa? Desmistificando um mito comum
Postado em: 07/03/2024
Entre os muitos mitos sobre a psoríase, a ideia de que a doença é contagiosa se destaca como uma das mais persistentes e equivocadas. As placas vermelhas, escamosas e bem definidas, características desta condição, podem causar preocupação para quem não conhece sua natureza.
Para os mais de 5 milhões de brasileiros que vivem com psoríase, esconder os sinais durante os surtos nem sempre é possível. Entender a psoríase, seja a própria condição ou a de alguém próximo, e esclarecer dúvidas são passos importantes para desfazer mal-entendidos associados a essa doença crônica da pele. Então, vamos explorar esse tema juntos.
Como a psoríase se desenvolve?
A psoríase é uma doença mediada pelo sistema imunológico, não contagiosa, ou seja, não passa para outra pessoa pelo contato com as lesões ou erupções na pele. Nesta condição, o sistema imunológico está em desequilíbrio, formando placas vermelhas e escamosas na pele, que podem provocar coceira e dor. Essas placas costumam surgir nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e, em situações mais graves, podem se estender por vastas áreas do corpo.
A razão exata pela qual o sistema imunológico reage dessa maneira ainda não é totalmente compreendida. Pesquisas apontam para a influência de fatores genéticos e imunológicos no desenvolvimento da psoríase, que decorre tanto de desequilíbrios internos quanto de fatores externos, como medicamentos, vacinas, infecções, estresse e hábitos de vida.
Nos períodos de surto, o sistema imunológico desencadeia uma inflamação que acelera a produção de células da pele. Enquanto em uma pele saudável esse processo leva aproximadamente 30 dias, em pessoas com psoríase, pode completar-se em apenas alguns dias, levando ao acúmulo de células na superfície da pele.
Causas da psoríase
Fatores genéticos: Se um parente de primeiro grau tem essa condição da pele, é mais provável que você também a desenvolva.
Gatilhos ambientais e físicos: diversos gatilhos podem desencadear crises de psoríase, incluindo:
- Tabagismo: fumar tabaco pode aumentar o risco de desenvolver psoríase e piorar seus sintomas.
- Estresse: A psoríase pode ser causada por momentos de estresse intenso, como perda de familiares, término de relacionamentos e pressão no trabalho, evidenciando a relação entre estresse e essa condição.
- Infecções: Certas infecções, como a infecção de garganta por estreptococo, podem desencadear a psoríase em pessoas que já tem genética para psoríase.
- Medicamentos: Alguns medicamentos, como betabloqueadores (usados para controle do ritmo do coração) e lítio (indicado para transtorno bipolar), podem iniciar ou agravar a doença. Informe seu médico sobre a psoríase ao receber prescrições novas.
- Obesidade: O excesso de peso contribuiu para o aumento do risco de psoríase, ao agravamento dos sintomas e menor resposta aos tratamentos.
- Machucados na pele: Traumas na pele, como cortes, arranhões, picadas de insetos, cirurgias e tatuagens, podem desencadear novas lesões de psoríase nos locais afetados pelos traumas.
Convivendo bem com a psoríase
Apesar dos esforços da comunidade médica e dos pacientes, a desinformação sobre a psoríase continua sendo um desafio. Um estudo de 2020 mostrou que 67% dos pacientes temem ser erroneamente vistos como portadores de uma doença contagiosa após receberem o diagnóstico de psoríase, o que pode impactar negativamente a saúde mental, autoestima e relações sociais. Muitos evitam atividades específicas ou usam roupas que escondem suas lesões.
- Informe-se e compartilhe conhecimento: Ter acesso a informações corretas é fundamental para tranquilizar os pacientes e capacitá-los a lidar com a psoríase.
- Busque suporte: Existem tratamentos eficazes, desde opções tópicas até sistêmicas, para cuidar da pele. Consulte um dermatologista especializado em psoríase.
- Foque em você: A maneira como outros reagem está além do seu controle. Se as pessoas não mudarem suas percepções, isso não deve afetar suas atividades diárias e qualidade de vida.
Superar o preconceito requer uma abordagem ativa, concentrada na educação e na comunicação aberta sobre a psoríase. Seguindo esta abordagem, é possível promover um ambiente mais acolhedor para todos que convivem com essa condição.
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Dra. Karina Okita
Dermatologista estética e clínica
CRM: 176664-SP
RQE: 85998